Veja as vezes que Professor Alcides mentiu no debate da TV Anhanguera

Encontro na noite deste domingo (20) marcou o último encontro entre os dois postulantes a prefeito de Aparecida de Goiânia. Nervoso e agressivo, o candidato do PL mentiu sobre os vários temas levantados por Leandro Vilela



O candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia Professor Alcides (PL) protagonizou momentos de baixíssimo nível durante debate realizado pela TV Anhanguera, na noite deste domingo (20). Ao responder questionamentos de seu adversário, Leandro Vilela (MDB), Alcides mentiu sobre os diversos inquéritos e processos aos quais responde na Justiça.

Veja os principais pontos abordados no debate e a checagem com base em documentos:

Sobre o Processo Administrativo Disciplinar (PAD)
Alcides Ribeiro mentiu sobre a tramitação do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que enfrentou na Secretaria de Educação de Goiás e que culminou com sua demissão por abandono do cargo de Professor IV. Chamado a esclarecer o fato de ter sido demitido do serviço público, o liberal disse que não tomou conhecimento do processo e que por isso a justiça teria atendido seu pedido e suspendido o PAD. Nesse ponto, o candidato do PL foi impreciso em dois momentos.

De acordo com os documentos que integram o PAD, que foi instaurado em 2015, no dia 4 de maio de 2018, o advogado nomeado por Professor Alcides assinou declaração de comparecimento e no documento afirma que, naquele dia, de forma espontânea, compareceu à Gerência de Processo Administrativo e Disciplinar para obter informações do processo administrativo autuado em desfavor do servidor Alcides Ribeiro Filho.

Diferente do que afirma Ribeiro, a segunda instância do Tribunal de Justiça de Goiás negou pedido de recurso, proposta pela defesa de Alcides, que tinha o objetivo de suspender a decisão administrativa e seus efeitos. De acordo com decisão do desembargador Wilton Muller Salomão, o candidato do PL foi notificado para acompanhar o processo administrativo disciplinar desde sua instauração até o julgamento.

Alcides sustentou que teria sido admitido no serviço público no ano de 1970, mas documentos do próprio PAD apontam que ele teria sido contratado como professor do Ensino Médio no dia 1º de março de 1980. O candidato do PL também afirmou que o último salário recebido do Estado teria sido referente a setembro de 2014. Informações constantes no portal da transparência, no entanto, apontam que ele recebeu até março de 2015, inclusive o 13º salário que ele também negou ter recebido.

Sobre dívidas com a Prefeitura de Aparecida
Alcides também negou que tenha dívidas vencidas e não pagas com a Prefeitura de Aparecida. Segundo o liberal, as dívidas que ele tem foram parceladas e estão sendo pagas. Não é verdade. Segundo relatório da própria prefeitura, o contribuinte (pessoa jurídica) Alcides Ribeiro Filho deve ao erário mais de R$ 180 mil reais de impostos e taxas ao município, débitos que se acumulam desde 1993. Apenas de Imposto Sobre Serviços (ISS) são mais de R$ 145 mil em valores atualizados. Alcides deve, ainda, mais de R$ 34 mil referentes a Taxa de Licença Renovação, referente ao período entre 1994 e 1998.

Além da cobrança administrativa, Alcides enfrenta, desde 1999, ação de execução judicial, proposta pela procuradoria do município, que visa o recebimento dos débitos de ISS referentes ao período de janeiro de 1997 a dezembro de 1998. A ação tramita na Vara da Fazenda Pública Municipal de Aparecida de Goiânia.

Sobre dívidas com Banco do Brasil e leilão da sede da Unifan
Alcides confirmou que perdeu o prédio onde funciona o Centro Universitário Alfredo Nasser (Unifan) devido à execução de dívidas movidas pelo Banco do Brasil. Segundo o próprio candidato, o Banco é o dono do prédio da sua faculdade desde 2002, mas mentiu quando disse que estaria pagando regularmente aluguéis para a instituição financeira.

Diferente do que afirma Alcides, o Banco do Brasil move ação de execução contra o liberal para o recebimento dos aluguéis devidos e não pagos desde 2004. O valor total da dívida atualizada de Alcides com o BB soma mais de R$ 3,8 milhões. O processo se encontra em fase de execução de sentença e bens e propriedades do Professor Alcides estão sendo buscados pela justiça para o cumprimento da decisão.

Sobre venda de vagas no curso de medicina da Unifan
No debate, Alcides negou conhecimento sobre processos ou inquéritos que apuram venda de vagas no curso de medicina da Unifan. Segundo ele, essa informação seria mentirosa e chamou de ilações do seu adversário. A verdade, no entanto, é que há sim um inquérito policial que investiga a suposta venda de vagas na faculdade que pertence a Alcides.

A denúncia, que consta de inquérito policial, foi feita por um ex-diretor da Unifan. Em depoimento à Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), o ex-diretor do Instituto de Ciências e Saúde da Unifan afirmou que existe um verdadeiro comércio ilegal de venda de vagas para o vestibular de medicina da instituição, e que essa prática ilegal ocorre no início de cada semestre, sendo realizada pelo próprio diretor-geral da Unifan, Professor Alcides.

Segundo a denúncia do ex-diretor, cada vaga no curso de medicina no Centro Universitário Alfredo Nasser é vendida por até R$ 180 mil e o pagamento feito em dinheiro diretamente a Alcides, mas, por vezes, inclui também a prática de favores sexuais e outros tipos de benefícios.

Além da venda de vagas, há denúncias de que a Unifan faz o aproveitamento de matérias de cursos de medicina de fora do Brasil, como do Paraguai, por exemplo, o que também seria ilegal perante a legislação brasileira.

Inquérito policial que tramita na 2ª Delegacia Regional de Aparecida de Goiânia, aberto a pedido da 12ª Promotoria de Justiça, em 2021, narra que um grupo de alunos pagou o valor de R$ 140 mil, cada, por uma vaga no curso de medicina da Unifan e também pelo aproveitamento de matérias. De acordo com informações do inquérito, a Unifan também venderia o diploma de medicina a quem estivesse disposto a desembolsar a bagatela de R$ 550 mil.

Compra ilegal de corpos humanos
Alcides também foi confrontado com a informação de que haveria um inquérito policial investigando a suposta compra irregular de corpos humanos (cadáveres), que seriam usados para estudo de anatomia na Unifan, de sua propriedade.

Ele negou que estivesse sendo investigado, mas, segundo relatório do Inquérito Policial, a suspeita é que Alcides e outros integrantes do corpo gestor da instituição teriam usado documentos falsos, supostamente emitidos pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica do Estado de São Paulo, para dar aparência de legalidade à compra de cadáveres de origem indeterminada.

A denúncia partiu de um ex-diretor do Instituto de Ciências e Saúde da Unifan. Segundo o que disse à polícia, os corpos chegaram transportados por um táxi de São Paulo e foram entregues no pátio da faculdade.

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