Há 36 anos, o projeto social oferece amparo e educação
para adultos e jovens diagnosticados com autismo severo
A
ONG de apoio a autistas de Brasília, que presta um importante serviço à
comunidade há 36 anos, enfrenta agora mais um obstáculo para continuar suas
atividades. O imóvel onde a organização funciona desde 1987, recebeu uma nova
ordem de despejo, e a entidade pode fechar suas portas.
A AMA-DF, acolhe adulto e jovens autistas, oferece atividades terapêuticas, educação especial e suporte para as famílias dos assistidos em uma área dentro do Instituto de Saúde Mental (ISM), localizado no Riacho Fundo. Além disso, a organização promove eventos e campanhas de conscientização sobre o autismo, contribuindo para a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com essa condição.
No entanto, a ONG vem enfrentando dificuldades para manter suas atividades no imóvel adequado em que atua. Desde 2017, a Secretaria de Saúde do DF ameaça despejar a associação. Em janeiro de 2022, uma ordem de despejo foi emitida. Com o impacto da repercussão negativa e com apelos de artistas como a apresentador Marcos Mion, a secretaria recuou.
Segundo a presidente da AMA-DF, Gisele Montenegro, a situação é preocupante e coloca em risco o atendimento aos assistidos e suas famílias. “Somos a referência para muitas famílias que buscam atendimento e suporte para seus filhos, fazemos o que o Estado não faz, ao longo dos anos, nossa associação tem trabalhado incansavelmente para aumentar a conscientização sobre o autismo e fornece suporte e recursos vitais para indivíduos e famílias, um trabalho extremante acolhedor, repetimos várias vezes no dia atividades básicas como escovar os dentes, na tentativa de criar uma qualidade de vida melhor para eles.”
De acordo com Montenegro, atualmente, seis adultos e jovens são amparados pelo projeto social, que está com suas atividades suspensas em função das negociações com o GDF. Mas, a associação chegou a atender 67 pessoas. E, mesmo diante dessa situação desesperadora de despejo, existe uma fila extensa de pedidos de espera de acesso ao serviço de acolhimento e apoio educacional. “Recebemos, inclusive, pedidos do próprio governo para o ingresso de pessoas”, revelou a presidente da associação.
A situação da AMA-DF reflete um problema maior onde faltam políticas públicas efetivas para atender as demandas das pessoas com autismo. O Distrito Federal ainda carece de investimento em saúde, educação e inclusão social para essa população.
"O ambiente ideal para pessoas autistas é aquele que oferece estabilidade, previsibilidade e segurança, com rotinas claras e estruturadas. É importante haver um espaço tranquilo e sem estímulos excessivos, além de profissionais capacitados para oferecer suporte emocional e terapêutico, e o ambiente que estamos tem isso,” conclui Montenegro.
Diante desse cenário, é fundamental que a sociedade e as autoridades se mobilizem para garantir a continuidade do trabalho dessa organização, que tanto contribui para a inclusão e o bem-estar das pessoas com autismo.