Ao todo, são mais de 10,7 milhões de deficientes auditivos no país. A campanha tem como’ objetivo debater a visibilidade e conscientização para a inclusão da comunidade surda
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma a cada dez pessoas podem ser afetadas com a perda auditiva até 2050 no mundo. Ou seja, 900 milhões de pessoas poderão ter surdez. E, por isso, é importante um mês dedicado à conscientização sobre a acessibilidade da comunidade surda. A cor símbolo da campanha surgiu na Segunda Guerra Mundial, pois os surdos viveram a opressão dos nazistas, obrigados a usar uma faixa azul no braço. Dando um novo significado, o tom tornou-se um marco da luta, sendo um orgulho para os deficientes auditivos.
Na avaliação da especialista em saúde auditiva Gilvania Barbosa, da clínica Microsom, o Setembro Azul é o momento das pessoas da comunidade surda debaterem as políticas de inclusão. “Infelizmente, ainda é muito limitada a questão da acessibilidade e visibilidade da sociedade surda. E não é só no Brasil, é no mundo”, afirma a Barbosa.
A especialista ressalta as conquistas da comunidade surda, mas ainda falta muito para ser o ideal. “Já temos telejornais, canais no Youtube com Intérprete em Libras, mas ainda sim, temos muito o que conquistar para a inclusão dos deficientes auditivos. Atualmente, as empresas, hospitais, postos de saúde, delegacias não tem pessoas preparadas para atender esse público. Por exemplo: como fazer uma ocorrência policial? Ser atendido no Pronto Atendimento? Uma audiência com um juiz, por exemplo? Será que temos pessoal capacitado para se comunicar com a Linguagem Brasileira de Sinais em todos esses locais? Ou melhor, teríamos um intérprete em Libras em cada local? Então, sabemos que há um longo caminho para se percorrer no Brasil”, explica a especialista.
Além do preconceito, a especialista alerta para a dificuldade enfrentada em estudar. “Segundo o MEC, estima-se que somente 7% dos surdos conseguem concluir o ensino superior, 15% terminam o ensino médio, 46% faz o ensino fundamental e 32% não tem grau de instrução. Esse dado ainda é muito preocupante, um número muito baixo de surdos escolarizados. Claro, já existem escolas especializadas, mas é um ganho muito gradativo”, ressalta Gilvânia.
Para Barbosa, se todos tivessem acesso à Língua Brasileira de Sinais desde a primeira infância, nas escolas, possibilitaria com que as pessoas surdas se comunicassem e fossem entendidas , sendo um grande passo para desenvolver a inclusão e promover a acessibilidade em qualquer ambiente.