Pobreza menstrual é foco de nova arrecadação solidária do Voluntariado Marista

Doações devem ser entregues no Colégio Marista Asa Norte (SGAN 702 Conjunto B, Asa Norte), até sexta (24)

Uma entre cada quatro meninas brasileiras deixa de ir à escola durante o período menstrual por simples falta de acesso a um absorvente, constatou um levantamento da ONU sobre  pobreza menstrual divulgado em maio deste ano. A média no Brasil é bem maior que a mundial, que é de uma em cada 10 segundo o relatório.

E se estudantes de escolas particulares ajudassem outras alunas, menos favorecidas, a seguir frequentando as salas de aula durante aquela “incômoda” semana mensal? Foi o que decidiu um grupo de estudantes do Voluntariado Marista, quando criou campanha de arrecadação de kits higiênicos para distribuir a meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade social, batizada de Projeto Ciclos.

A ideia é combater não só a ausência justificada ao colégio de estudantes pobres durante seus dias de fluxo, mas também os impactos negativos que a falta de acesso aos itens de higiene feminina causa: por recorrerem a materiais inapropriados para conter o sangramento – como jornal, pão velho, folhas de árvores, pedaços de pano -, essas meninas e mulheres ficam sujeitas a alergias e irritações da pele e mucosas, infecções urogenitais como a cistite e a candidíase, e até uma condição conhecida como Síndrome do Choque Tóxico, que pode levar à morte. Tudo isso somado ao dano emocional provocado pela pobreza menstrual.

“Os produtos de higiene feminina são essenciais todos os meses durante anos na vida de uma mulher - mas, mesmo assim, muitas nunca tiveram acesso a um absorvente e precisam lidar com seu ciclo menstrual da forma que conseguirem”, afirma Júlia Persegona, estudante do 3º ano do ensino médio.

“O Projeto Ciclos abriu meus olhos para a situação de pobreza menstrual e me fez perceber que algo tão básico na minha vida é um privilégio, mesmo que não devesse ser. Assim, espero que as nossas arrecadações, consigam ajudar quem precisa lidar com a pobreza menstrual a cada ciclo e trazer mais visibilidade para esse problema”, enfatiza a estudante.

São bem-vindos os absorventes preferencialmente com abas e os lenços umedecidos. Protetores de calcinha tipo care free, absorventes internos e noturnos não serão arrecadados.

Os estudantes voluntários montarão um kit com os absorventes, lenços umedecidos mais panfleto informativo com informações básicas de higiene menstrual e os entregarão para o Instituto Vem Vencer, a cargo da distribuição para as famílias vulneráveis.

Para a vice-diretora pedagógica do Colégio, Luciana Winck, a iniciativa destaca o protagonismo dos estudantes do Colégio. “A campanha e a entrega dos kits não têm caráter apenas assistencial, mas educativo. Isso demonstra a empatia e o olhar sobre a existência do ser humano e suas condições, isso faz parte dos valores trabalhados pelo Colégio e que refletem nas ações dos nossos estudantes”, disse.

Saúde pública e direitos humanos – Desde 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o acesso à higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos.

No relatório divulgado em maio, a organização alerta para o fato de que a pobreza menstrual “pode causar desconfortos, insegurança e estresse, contribuindo assim para aumentar a discriminação que meninas e mulheres sofrem. Põe em xeque o bem-estar, desenvolvimento e oportunidades para as meninas, já que elas temem vazamentos, dormem mal, perdem atividades de lazer, deixam de realizar atividades físicas; sofrem ainda com a diminuição da concentração e da produtividade”.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, do IBGE, a média de idade da primeira menstruação nas mulheres brasileiras é de 13 anos, sendo que quase 90% delas têm essa primeira experiência entre 11 e 15 anos de idade. Assim, a maioria absoluta das meninas passará boa parte de sua vida escolar menstruando.

Com isso, perdem, em média, até 45 dias de aula, por ano letivo, como revela o levantamento “Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil”, encomendado por uma marca de absorvente e feito pela consultoria Toluna. O ato biológico de menstruar acaba por virar mais um fator de desigualdade de oportunidades entre os gêneros, conforme enfatizou uma reportagem especial elaborada pela pela Agência Senado.

Voluntariado Marista – O projeto conta com a participação de estudantes dos Anos Finais e do Ensino Médio do Colégio Marista Asa Norte. O Voluntariado busca despertar um olhar mais atento, cuidadoso e generoso sobre as realidades menos favorecidas, com a participação ativa dos estudantes em ações para a vivência da solidariedade.


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